terça-feira, 27 de setembro de 2011

3ª CONFERÊNCIA: Fé e Ciência: um diálogo possível?, com o Pe. Anibal


A segunda conferência do dia – e terceira do VII Congresso – foi ministrada pelo Pe. Anibal Gil Lopes*. Sua reflexão pautou-se sobre as diferenças entre o discurso científico e o discurso da fé, que se distinguem pelo modo como lidam com as realidades observáveis. Em meio às divergências insuperáveis, ambos têm seu ponto comum na atestação de que nem tudo o que não fora ou não pode ser observável pode ser tido como inexistente – como era o caso do mundo microscópico, desconhecido por um longo tempo da história humana, mas sempre presente e atuante no mundo.
Ele lembrou que há 13 anos, em 18 de setembro de 1998, era publicada a Fides et Ratio. A partir dela, poder-se-ia dizer que tanto a ciência quanto a religião lidam com a contemplação. Uma dirige sua contemplação para fora, e a outra para o interior, ainda que a manifestação divina se encontre extra nos; a ciência se dedica a analisar as coisas criadas, e a fé se dedica a buscar seu Autor.
Pe. Aníbal lembrou das dificuldades de dialogar a partir desses dois paradigmas, o que é similar ao diálogo entre as religiões – sempre exigente e complicado, mesmo entre as crenças monoteístas. Para um diálogo produtivo, que respeita tanto a identidade quanto a alteridade, é necessário o correto uso da razão, o que promove tanto uma fé esclarecida quanto uma ciência lúcida.
O grande problema para o diálogo entre as ciências e a religião diria respeito à prepotência, que mina as condições para um encontro sadio, baseado na tolerância e na reciprocidade. E, para os cristãos, o antídoto para a prepotência não seria uma fé embotada, mas uma vida interior de qualidade – a qual não é necessariamente proporcional ao estudo teológico.
Após sua reflexão, a platéia dirigiu algumas questões ao palestrante.


* Médico livre-docente pela USP, pós-doutor pela Yale University e Professor Titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho. Membro da Pontifícia Academia Pró-Vita, da comissão de pesquisa em seres humanos do ICB-USP, e assessor de bioética da CNBB. Membro Correspondente Estrangeiro da Classe de Ciências da Academia de Ciências de Lisboa desde 2008.

2ª CONFERÊNCIA: Teologia, mobilidade humana e sociedade, com Pe. Alfredinho


Nesta manhã, fez sua conferência o Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS (Pe. Alfredinho)*, que pautou sua reflexão na tensão existente nas Escrituras – tanto no Antigo quanto no Novo Testamento – entre a experiência do “Deus do caminho” e o “Deus do Templo”.
Segundo ele, as duas concepções apresentam amplas divergências entre si e atravessaram a história da Igreja até chegar a nossos dias. Talvez mais do que em outros tempos, essa tensão se faça visível na vida eclesial contemporânea, com grupos que privilegiam um ou outro pólo e disputam entre si.
O Concílio Vaticano II teria privilegiado a perspectiva do “Deus do caminho”, sobretudo na Gaudium et spes e na Lumen gentium, que conclamam a Igreja a enxergar a história humana de maneira aberta e capaz de assumir as novidades.
Após sua fala, Pe. Alfredo respondeu aos questionamentos da platéia.

* Missionário de São Carlos (scalabriniano), Superior Provincial da Província São Paulo, ministra cursos extras de Pastoral Urbana e Doutrina Social da Igreja, trabalhou por 5 anos (1998 a 2003) como assessor da CNBB na Pastoral Social. Tem amplo trabalho com migrantes e é especialista em mobilidade humana.

Segundo dia do Congresso presenteia o público com duas conferências


Nesta terça-feira, 27 de setembro, o segundo dia do VII Congresso de Teologia trouxe várias atrações para o público presente. Os trabalhos foram conduzidos pelos alunos do UNISAL-Pio XI, que dirigiram a oração com músicas e salmos. Coube ao diácono Rafael Zanata, SDB, mediar a mesa nas duas conferências do período: às 8h30, com o Pe. Alfredo J. Gonçalves – Teologia, mobilidade humana e sociedade: questões sociais – e às 10h30, com o Pe. Anibal Gil Lopes – Fé e Ciência: um diálogo possível?

Houve, ainda, a apresentação de três cantos gregorianos pela Schola Cantorum – formada por estudantes do ITESP – e sorteios da camiseta do Congresso e de livros doados pelas editoras parceiras.