quarta-feira, 28 de setembro de 2011

4ª CONFERÊNCIA: Teologia na "pós-modernidade": por uma relação entre Filosofia e Teologia. Por Pe. Manfredo



Na primeira metade desta manhã, Pe. Manfredo Araújo de Oliveira* presenteou-nos com mais uma bela conferência. Seu discurso abordou a relação entre a Filosofia e a Teologia no contexto da pós-modernidade e deu-se num viés epistemológico e histórico.
Ele enfatizou que a realidade sobre a qual versa a Filosofia é a mesma da Teologia; por isso, não se pode concordar com a proposição de Pascal de que o Deus de Abraão, Isaac e Jacó não corresponde ao “deus dos filósofos”. Trata-se da mesma e única Realidade absoluta e concretíssima, que os dois discursos – igualmente humanos e que se desenvolvem na inteligibilidade – podem acessar, com suas diferentes perspectivas. Daí que uma filosofia atéia possa ser tida como autêntica, mas não merece ser chamada de radical.
Sobre o modo de proceder das duas abordagens, o palestrante lembrou que a Filosofia parte de coisas simples, para, progressivamente, dedicar-se às realidades mais complexas. Doutra parte, a Teologia parte do Ser concretíssimo, revelado na história, mas tem que refletir sobre tudo o que é pressuposto para o falar sobre esse Ser, o que deve passar necessariamente pelas realidades humanas.
Após falar por 45 min, o conferencista dedicou-se às perguntas da platéia, em mais um momento rico de reflexão. Em suma, ele apontou duas tarefas: no campo filosófico, a necessidade de superar os pressupostos kantianos, que se fecham à questão da transcendência e têm recebido críticas oportunas atualmente; no campo teológico, o convite a nos contentarmos em apresentar Jesus como uma proposta e testemunhá-Lo, sem a pretensão de um retorno aos tempos da Cristandande – mesmo nas sutis maneiras de a Igreja sustentar-se no poder.
Também foi evocado o discurso de Bento XVI na recente viagem à Alemanha, quando afirmou que compete à Igreja testemunhar Jesus Cristo e não modernizar-se – no sentido de aderir a uma escala de valor que enfatize a posse e outras realidades passageiras. É preciso, seguir Jesus, que não tinha “onde reclinar a cabeça”.
Após o intervalo das 10h, a segunda metade da manhã apresentou ao público duas sessões de comunicações – dezenove ao total – com diferentes temas e abordagens.

* Graduado na Faculdade de Filosofia de Fortaleza, mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, e doutor em Filosofia pela Universität München Ludwig Maximilian. Atualmente, é professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Ceará (UFC).