Na última conferência de nosso VII
Congresso de Teologia do CETESP, prof. João Décio* falou sobre a necessidade de
superar o paralelismo entre o saber teológico e os demais saberes. Num mundo hegemonicamente
científico, a teologia vive numa posição desconfortável, tanto na prática – na adaptação
a um mundo técnico-científico – quanto na teoria – quando se vê num lugar de
suplência da ciência.
Segundo ele, criticamos a tecnologia, mas continuamos a
usá-la amplamente, o que gera hipocrisia. Por outro lado, pode-se cair
na reprodução desse sistema; assim, no âmbito do simbólico, a teologia
acaba colaborando com isso – por exemplo, com a teologia da prosperidade.
As várias reações diante desse quadro geram teologias
perigosas de várias matrizes, tais como: a “teologia dos milagres” (à caça de
fenômenos sobrenaturais); a “teologia supletiva” (que viria a explicar o que as
ciências não conseguem ainda); a “teologia determinista (que afirma a separação
entre fé e razão; e as “teologias metafísicas” (que subordinam todo
conhecimento ao tema Deus).
Em tal contexto, o conferencista apontou algumas saídas. Primeiramente,
a de superar a ilusão epistemológica de que exista uma única verdade ou
de que a teologia seja uma síntese das ciências. Outro caminho pode ser
o da complementação e autonomia dos princípios, que postula a auto-suficiência
metodológica concomitante à insuficiência epistemológica, o que mostra os
limites de cada ciência e complementaridade das abordagens.
Para um diálogo fecundo, seria preciso superar as pretensões
tanto por parte das ciências quanto da teologia. Assim como a ciência se
compreende como uma construção, a teologia poderia aprender como isso – aliás, a
própria história da Teologia levaria a crer nisso.
Terminada sua palestra, o professor respondeu aos
questionamentos dos expectadores.
* Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP.
Livre-docente em Teologia pela PUC-SP, onde é professor associado no
Departamento de Ciência da Religião. Ex-diretor da Sociedade de Teologia e
Ciências da Religião (Soter).
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